Felicitei-me por ter nascido livre e meu primeiro choro, selvagem e abstrato, me concedido, no grito, o repouso. Mas o senso lamentou-me o cálculo, tornando-me adulta para sempre.
Eu, que era tão jovem, e ainda não conhecia o rosto sonolento da fatalidade, me cortava em teias de esquecimentos, ofegando intervalada, berço e veredito.
Enrugavam-se meu dias tolhidos, macerados de prazeres, com olheiras cochichadas de vícios e as horas sovadas de insônia, enferrujando minha consciência e impondo-me a velhice.
Mas eu não a queria assim, sem rugas bordadas de sublimidades, sem olhos confessos de filhos a me iluminar delícias nas órbitas.
Sem riso, sem gozo, como uma gruta fria de cabelos pontiagudos, incinerada de consternação. Mas já era tarde.
Desabitada de infância e ecos, me supondo repetidamente em gritos, eu já não passava de um passarinho castigado, piando baixinho, doído de chuva.
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