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sábado, 28 de janeiro de 2012
Nos ferros da jaula
As barreiras que a sociedade construia para se defender, e a primeira foi a barreira do castigo, conseguiu que todos os instintos do homem selvagem, livre e vagabundo, se voltassem contra o homem interior. A ira, a crueldade, a necessidade de perseguir, tudo isto se dirigia contra o possuidor de tais instintos; eis a origem da "má consciência". O homem que, por falta de resistência e de inimigos exteriores, se despedaçava com impaciência, se perseguia, se devorava, se amedrontava e se maltratava a ele mesmo; este animal a quem se quer domesticar, mas que se fere nos ferros da sua jaula; este ser a quem as privações fazem enlanguescer na nostalgia do deserto e que, fatalmente, devia achar em si mesmo um campo de aventuras, um jardim de suplícios, uma região perigosa e incerta; este ser privado de seus antigos instintos que antes constituíam a sua força e o seu temível caráter; este louco, este cativo, de aspirações impossíveis, teve de inventar a "má consciência". Então veio ao mundo a maior e mais perigosa de todas as doenças: o homem doente de si mesmo. O homem privado de si!
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