O homem não é conhecível a si próprio, porque a sua vida consiste em esforços alternados para ser o que não é, e essa transposição e substituição contínuas de almas irreais e estranhas fazem com que aquilo que, na verdade, pareça o que nunca é. E todos nos entusiasmamos.
Há aquele que parece aos outros, há aquele que diz ser e ele próprio sabe não ser, há aquele que julga ser e é o mais distante da verdade, há aquele que quereria ser e depois deforma todas as autobiografias, há o que finge ser para comodidade e necessidade da vida, há aquele que se poderia chamar o nosso duplo desconhecido, valendo-se hipocritamente de razões fingidas, e finalmente, há aquele que é verdadeiramente mas ninguém conhece.
Mesmo no mais pobre de nós, existem pelo menos sete homens. Nunca nos assemelhamos a nós mesmos. Nem aos cereais matinais. Mas 'não é a arranhar interminavelmente o indivíduo que acabamos por encontrar o homem' - diz alguém no livro de Malraux.
Bonjour.
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