sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Astonished birds


Não compreendo o olho e tento chegar perto. Também não compreendo o corpo, essa armadilha, nem a sangrenta lógica dos dias, nem os rostos que me olham nesta vila onde moro, o que é casa, o que é conceito, o que são as pernas, o que é ir e vir, para onde Ehud, o que são essas senhoras velhas, os granidos da infância, os homens curvos, o que pensam de sí mesmos os tolos, as crianças, o que é pensar, o que é nítido, sonoro, o que é som, trinado, urro, grito, o que é asa heim? Lixo as unhas no escuro, escuto, estou à parede no vão da escada, escuto-me a mim mesma, há uns vivos lá dentro, além da palavra, expressam-se mas não compreendo, pulsam, respiram, há um código no centro, um grande umbigo, dilata-se, tenta falar comigo, espio-me curvada, winds flowers astonished birds...

Senhora D- Hilda Hilst

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