sábado, 24 de novembro de 2012

Rotina: A barreira do castigo


Quando um dia é como todos, todos são como um só; e numa uniformidade perfeita, a mais longa vida seria sentida como brevíssima e decorreria num abrir e fechar de olhos. O hábito é uma sonolência, ou, pelo menos, um enfraquecimento do senso do tempo, e o fato dos anos de infância serem vividos vagarosamente, ao passo que a vida posterior se desenrola e foge cada vez mais depressa, esse fato também se baseia no hábito. Sabemos que a intercalação de mudanças de hábitos, ou de hábitos novos, constitui o único meio de manter a nossa vida, de refrescar a nossa sensação de tempo, de obter um rejuvenescimento, um reforço, e com isso, a revolução da nossa sensação de vida em geral. Tal é a finalidade da mudança de lugar e de clima, da viagem de recreio: nisso reside o que há de mais saudável na variação e no episódio. Os primeiros dias num ambiente novo têm um curso juvenil, vigoroso e amplo - seis a oito dias. Depois, na medida em que a pessoa se "aclimata", começa a senti-los abreviarem-se, e a última semana - dentre as quatro, por exemplo - é de uma rapidez e fugacidade inquietante. Verdade é que a vitalização do nosso senso de tempo faz-se sentir para além do intervalo, e desempenha o seu papel ainda quando a pessoa já voltou à rotina; os primeiros dias que passamos em casa, depois desta variação, também nos parecem novos, amplos e juvenis, mas sómente por alguns instantes: porque a gente acostuma-se muito mais rapidamente à rotina do que à sua suspensão.

Great weekend!


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