sábado, 12 de janeiro de 2013

Em meio a poeira púrpura


Agora recebo muitas chamadas de telefone. Todas iguais. 
-"é Charles Bukowski, o escritor?"
-"sim", eu lhes respondo.

E eles dizem que entendem a minha escrita, alguns deles são escritores, ou querem ser escritores, e estão em empregos estúpidos e horríveis. E não conseguem nem encarar a sala, o apartamento, as paredes, essa noite...
Querem alguém com quem possam conversar, não podem acreditar que não posso ajudá-los, que não conheço as palavras.
Não podem acreditar que agora mesmo me dobro em meu quarto segurando minhas entranhas e dizendo "Jesus, Jesus, de novo não!"
Eles não podem acreditar que as pessoas mal-amadas, as ruas, a solidão, as paredes, também são minhas. E quando desligo o telefone, acham que escondí o jogo.
Não escrevo a partir da sabedoria.
Quando o telefone toca, eu também gostaria de ouvir palavras que pudessem aliviar um pouco alguma dessas coisas.
É por isso que meu nome está na lista.

Bukowski

A carne cobre os ossos e colocam uma mente alí dentro... 
E algumas vezes, uma alma.



Bonjour!

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