quinta-feira, 19 de março de 2009

A multidão embrutece

"Quando muitos homens se encontram juntos... perdem-se. A multidão transporta e precipita-os de cima para baixo: trata-se de um recuo e uma decadência. Todo o homem, lá dentro, converte-se noutro - mas noutro pior. São florestas em que os ramos altos não se entrelaçam, mas apenas, embaixo, na escuridão, nas raízes terrosas... Toda a pessoa que se opõe às outras, existe enquanto é diferente, não se pode liquefazer num todo. Mas há em cada um de nós, mesmo no maior de nós, um "eu inferior", antiquíssimo, bestial, infantil, esquecido, renegado, oculto, refreado - amortecido, mas não morto. Quando os homens se reúnem, o eu superior "anula-se" e os inferiores, "despertados", reconhecem-se e assumem a supremacia. A multidão é niveladora e gosta de decapitar, ainda que metaforicamente. Já não são intelectos ou sentimentos que contrastam, mas instintos elementares que combatem. Quanto mais o homem se eleva, mais a turba se divide. Quando volta a emergir na turba, tem forçosamente de regressar à homogeneidade originária. Nenhum gênio se assemelha a outro, mas todos os medíocres são cópias. A altura separa, o que a baixeza reúne." [Giovanni Papini, in 'Relatório Sobre os Homens']
"Todos os desejos são contraditórios...como o do alimento. Gostaria que aquele que amo me amasse. Mas se ele me for totalmente dedicado, deixa de existir, e eu deixo de o amar. E enquanto não me for totalmente dedicado, não me amará o suficiente. Fome e saciedade. O desejo é mau e ilusório, mas, no entanto, sem o desejo não esquadrinha-se o verdadeiro absoluto, o verdadeiro ilimitado. É preciso ter passado por isto. Infelizes os seres a quem o cansaço "subtrai" esta energia suplementar que é a fonte do desejo. Infeliz, também, aquele a quem o desejo "cega". É preciso arrastar o desejo até ao eixo dos pólos..." [Simone Weil, in "A Gravidade e a Graça"]
Hope you like it!

Um comentário:

  1. Seabear - "I Sing I Swim"

    When the birds are sleeping
    That's when the trees sing
    You left your winter clothes,
    And your teeth marks in my skin

    So shake the leaves, off the trees,
    Watch them float down the stream
    Your son, your daughter
    Swimming in the water

    And I miss you, even when you're around
    I'm a black cloud,
    Sending lightning to the ground

    So darling please, show your teeth
    Just one more dance to help me sleep
    Whirl, cold water eyes
    Fill the past with friendly nights
    Human skin, can be hard to live in
    You'll feel better in the morning
    Wash your hands in the lake
    You've got a heart, some way

    Trails lost in the snow
    Make way for winter's eerie glow
    And that black rock in your bedroom
    I hope you'll climb it soon
    In your boat, tied to a tree
    I hope you'll find the sea

    Throw me a dream please, it's been a dreamless sleep
    For such a long time, such a long time
    Sing myself awake
    Watch the branches break
    No one could ever take your place

    Wash your face in the lake
    You've got a diamond under your skin...

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