sábado, 11 de julho de 2009

Carl Jung

"Passamos, no casamento, por aquilo que é quase um fato universal - que os indivíduos são diferentes uns dos outros. Basicamente, constituem um para o outro um enigma indecifrável. Nunca existe acordo total. Se cometeu algum erro, esse erro consistiu em ter-se esforçado demasiadamente por compreender totalmente a sua mulher e por não ter contado com o fato de, no fundo, as pessoas não quererem saber quais segredos estão adormecidos na sua própria alma.
Quando nos esforçamos demasiado por penetrar noutra pessoa, descobrimos que a impelimos para uma posição 'defensiva' e que ela cria resistências porque, nos nossos esforços para compreender, ela sente-se forçada a examinar aquelas coisas 'em si mesma' que não desejava examinar. Toda a gente tem o seu lado obscuro que - desde que tudo corra bem - é preferível não conhecer.Mas isto não é erro seu. É uma verdade humana universal, mesmo que haja imensas pessoas que lhe garantam desejar saber tudo delas próprias. É muito provável que a sua mulher tivesse muitos pensamentos e sentimentos que a tornassem desconfortável e que ela desejava ocultar de si mesma. Isto é simplesmente humano. É também por este motivo que tantas pessoas idosas se refugiam na própria solidão, onde não serão incomodadas. E é sempre sobre coisas de que elas não desejariam estar muito cientes. O senhor não é, obviamente, responsável pela existência destes conteúdos psíquicos. Se, apesar disto, ainda for atormentado por sentimentos de culpa, reflita então sobre os pecados que 'não cometeu' e que gostaria de ter cometido. Isto poderá eventualmente curá-lo dos seus sentimentos de culpa relativamente à sua mulher!"
[Carl Jung, 1875-1961, in 'Cartas' ]
"Tudo o que nos irrita nos outros pode levar-nos a um entendimento de nós mesmos."
Bonjour!

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