«Deve pôr-se o pé assim para se não cair» e «é necessário acreditar nisto pois seria um absurdo enorme não acreditar», constituem bases muito boas. As pessoas que quiserem ir mais longe podem fazê-lo, mas sem pensarem que fazem algo de grande, porque se tudo resultar, nada mais encontrarão, no fim das contas, do que aquilo que o homem razoável sabia há muito. É fácil viver no mundo conforme a opinião do mundo: é fácil na solidão viver conforme a própria opinião. Grande é quem, diante da multidão, conserva com serenidade a independência da solidão. Há uma espécie de crueldade psíquica nesta vontade de tornar funesto o profundo sentimento de todas as coisas e de fechar a saída do labirinto de ideias fixas, que condena o homem a se achar culpado e réprobo até ao infinito. Aquela pessoa com quem acabais de ilicitamente dar uma cambalhota, pouco depois, na sua presença mesmo, bradará contra uma similar transgressão. Vejo proporem-nos modelos de vida que nem mesmo quem os propõe têm alguma esperança de seguir ou o desejo de o fazer. Modelos de vida: tão inúteis quanto requintados. Assim vão os homens. Deixa-se que as leis e os preceitos sigam o seu caminho: nós tomamos outro, não só por desregramento de costumes, mas também frequentemente, por termos opiniões e juízos que lhes são contrários.
Bonjour!
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