terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Intoxicados de sí

"O homem dividido contra si mesmo procura estímulos e distrações; ama as paixões mais fortes, não por razões profundas, mas porque momentaneamente elas lhe permitem "evadir-se de si próprio" e afastam dele a dolorosa necessidade de pensar. Toda a paixão é para ele uma forma de "intoxicação", e desde que não pode conceber uma felicidade fundamental, a intoxicação parece-lhe o único alívio para o seu sofrimento. 
Isso, no entanto, é o sintoma duma doença de raízes profundas. Quando não há tal doença, a felicidade provém da plena posse das suas faculdades. É nos momentos em que o espírito está mais ativo, em que menos coisas são esquecidas, que se sentem alegrias mais intensas. Esta é, sem dúvida, uma das melhores pedras de toque da felicidade. A felicidade que exige intoxicação de não importa que espécie, é "falsa" e não dá qualquer satisfação. A felicidade que "satisfaz" verdadeiramente é acompanhada pelo completo exercício das nossas faculdades e pela compreensão plena do mundo em que vivemos..." [Bertrand Russell, in "A Conquista da Felicidade"]

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