sábado, 4 de agosto de 2012

A faca não corta o fogo



Ama-se um corpo como instrumento de amar, como forma de onanismo de que o trabalho é dele. Ou como êxtase de um terror paralítico. Ou como orientação ao impossível que não está lá. Com raiva e desespero de quem já não pode mais e não sabe o quê. Como avidez insuportável não de o ter tido na mão, porque o podemos ter nela, sofregamente, boca seios o volume quente harmonioso da anca, e tudo esmagar até à fúria, ter o que aí se procura e que é o que lá está, mas não o que está 'atrás disso' e é justamente o que se procura e, se não sabe o que é, jamais poderemos atingir. 

Vergílio Ferreira - Em Nome da Terra

Bonjour!


Nenhum comentário:

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails