quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Imaginação ou sensibilidade?

"Não é certo que para a criação de uma obra literária a imaginação e a sensibilidade sejam qualidades equivalentes, e que a segunda possa sem grandes inconvenientes substituir a primeira, do mesmo modo que há pessoas cujo estômago é incapaz de digerir e assim encarregam os intestinos dessa função. Um homem que nasceu sensível e que não tenha imaginação poderá, apesar disso, escrever romances admiráveis. O sofrimento que os outros lhe causarão, os esforços para o evitar, os conflitos que esse sofrimento e a outra pessoa cruel irão criar, tudo isso, interpretado pela inteligência, poderá constituir matéria para um livro não apenas tão belo como se tivesse sido imaginado/inventado, mas também tão exterior aos sonhos do autor, se este, feliz, se tivesse deixado arrastar por si mesmo, tão surpreendente para ele próprio, tão acidental como um capricho fortuito da imaginação..."
[Marcel Proust, in 'O Tempo Reencontrado']
"O que é o macaco para o homem?
Uma risada ou uma dolorosa vergonha!"
"Deixemos pois de pensar mais em punir, em censurar e em querer melhorar! Não seremos capazes de modificar um único homem; e se alguma vez o conseguíssemos seria talvez, para nosso espanto, para nos darmos também conta de que teríamos sido nós próprios modificados por ele! Não lutemos em combate direto... qualquer punição, qualquer censura, qualquer tentativa de melhoria representa combate direto. Elevemo-nos, pelo contrário, a nós próprios muito mais alto. Façamos sempre brilhar de forma grandiosa o nosso exemplo. Obscureçamos o nosso vizinho com o fulgor da nossa luz. Recusemo-nos a nos tornar, a nós próprios, mais sombrios por amor dele, como todos os castigadores e todos os descontentes! Escutemo-nos, antes, a nós. Olhemos para outro lado..."
[Friedrich Nietzsche]

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