Conhecemos as pessoas durante anos, vários anos, e habituamo-nos a evitar os problemas pessoais e os assuntos verdadeiramente importantes, mas guardamos a esperança de que, mais tarde, em circunstâncias mais favoráveis, se possam abordar esses assuntos e esses problemas. A esperança, sempre adiada, de um relacionamento mais humano e mais completo nunca desaparece completamente, porque nenhuma relação humana se contenta com limites definitivos, brutos e restritos. Permanece, portanto, a esperança, de que haja um dia uma relação mais cordial, mais «autêntica e profunda». E permanece durante anos, até que os acontecimentos repetidamente, vem dizer-nos que é demasiado tarde, que essa relação «autêntica e profunda», cuja imagem tínhamos estimado com a máxima lealdade, nunca existirá... tal como umas e outras.
A tempestade ameaça antes de rebentar, os edifícios estalam antes de cair por terra, o fumo anuncia o próximo incêndio: sómente o mal causado pelo homem é súbito!
Nada pior que o mal-entendido. Uma bagatela, como se sabe, leva à uma vida depreciada e desprezada - depois, vinga-se; porque o mal-entendido, sobretudo quando toma uma forma violenta ou má, radica naturalmente numa bagatela; senão, não haveria mal-entendido, mas essencialmente uma 'discórdia'. O que caracteriza o mal-entendido é : aquilo que para um é importante, é insignificante para o outro... ou seja, no fundo, as duas pessoas estão separadas por uma bagatela, e estão desunidas no 'seu mal-entendido' porque não arranjaram tempo para entender-se. E as bagatelas transformam-se numa reivindicação infeliz do nosso eu!