quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Não cabe em polaroid...

Conhecemos as pessoas durante anos, vários anos, e habituamo-nos a evitar os problemas pessoais e os assuntos verdadeiramente importantes, mas guardamos a esperança de que, mais tarde, em circunstâncias mais favoráveis, se possam abordar esses assuntos e esses problemas. A esperança, sempre adiada, de um relacionamento mais humano e mais completo nunca desaparece completamente, porque nenhuma relação humana se contenta com limites definitivos, brutos e restritos. Permanece, portanto, a esperança, de que haja um dia uma relação mais cordial, mais «autêntica e profunda». E permanece durante anos, até que os acontecimentos repetidamente, vem dizer-nos que é demasiado tarde, que essa relação «autêntica e profunda», cuja imagem tínhamos estimado com a máxima lealdade, nunca existirá... tal como umas e outras.


A tempestade ameaça antes de rebentar, os edifícios estalam antes de cair por terra, o fumo anuncia o próximo incêndio: sómente o mal causado pelo homem é súbito!


Bonjour!
Michel Houellebecq- Sêneca

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