sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Aniversário no céu!

Como o sangue, corremos dentro dos corpos no momento em que abismos os puxam e devoram. Atravessamos cada ramo das árvores interiores que crescem do peito e se estendem pelos braços, pelas pernas, pelos olhares. As raízes agarram-se ao coração e nós cobrimos cada dedo fino dessas raízes... Como sangue, somos lágrimas. Como sangue, existimos dentro dos gestos. As palavras são, tantas vezes, feitas daquilo que significamos. E somos o vento, os caminhos do vento sobre os rostos. O vento dentro da escuridão como o único objecto que pode ser tocado. Debaixo da pele, envolvemos as memórias, as ideias, a esperança e o desencanto.
José Luís Peixoto- in, "Antídoto"


Feliz aniversário, querida mãe!
30/09 - 07/11/97




quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Não cabe em polaroid...

Conhecemos as pessoas durante anos, vários anos, e habituamo-nos a evitar os problemas pessoais e os assuntos verdadeiramente importantes, mas guardamos a esperança de que, mais tarde, em circunstâncias mais favoráveis, se possam abordar esses assuntos e esses problemas. A esperança, sempre adiada, de um relacionamento mais humano e mais completo nunca desaparece completamente, porque nenhuma relação humana se contenta com limites definitivos, brutos e restritos. Permanece, portanto, a esperança, de que haja um dia uma relação mais cordial, mais «autêntica e profunda». E permanece durante anos, até que os acontecimentos repetidamente, vem dizer-nos que é demasiado tarde, que essa relação «autêntica e profunda», cuja imagem tínhamos estimado com a máxima lealdade, nunca existirá... tal como umas e outras.


A tempestade ameaça antes de rebentar, os edifícios estalam antes de cair por terra, o fumo anuncia o próximo incêndio: sómente o mal causado pelo homem é súbito!


Bonjour!
Michel Houellebecq- Sêneca

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