sábado, 26 de maio de 2012

Com a noite nos lábios




Ser alegre não significa necessariamente ser brincalhão. Nada contra ter a piada pronta, mas a alegria é muito mais do que isso: ser alegre é gostar de viver mesmo quando as coisas não dão certo ou quando a vida nos castiga. É possível, aliás, ser alegre até na tristeza ou no luto, da mesma forma que, uma vez que somos obrigados a sentar à mesa diante de pratos que não são nossos preferidos, ou dos quais não gostamos, é melhor saboreá-los do que tragá-los com pressa e sem mastigar. 


(...) A riqueza da experiência compensa seu caráter eventualmente penoso. 


Essa alegria, de longe preferível à felicidade, é reconhecível sobretudo no exercício da memória, quando olhamos para trás e narramos nossa vida para quem quiser ouvir ou para nós mesmos. Para quem consegue ser alegre, a lembrança do passado sempre tem um encanto que justifica a vida. 


Para reencantar o mundo, não precisamos de intervenções sobrenaturais. Para reencantar o mundo, é suficiente descobrir que o verdadeiro encanto da vida é a vida mesmo.


Contardo Calligaris / Folha- 18/11/2010
Bonsoir!

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