sexta-feira, 29 de junho de 2012

De outros reinos



Nenhum conselho me parece mais útil do que este (e nunca é demais repetir!): limita sempre tudo aos desejos naturais que tu podes satisfazer com pouca ou nenhuma despesa, evitando confundir vícios com desejos. Porventura te interessa saber em que tipo de mesa, em que baixela de prata te é servida a refeição, ou se os escravos te servem com bom ritmo e solicitude? A natureza só necessita de uma coisa: a comida. (...) A fome dispensa pretensões, apenas reclama ser saciada, sem cuidar grandemente com o quê. O triste prazer da gula vive atormentado na ânsia de continuar com vontade de comer mesmo quando saciado, de buscar o modo como atulhar, e não apenas encher o estômago, de achar maneira de excitar a sede extinta logo à primeira golada! Tem, por isso toda a razão Horácio quando diz que a sede não se interessa pela espécie de copo ou pela elegância da mão que o serve. Se achas que têm para ti muita importância os cabelos encaracolados do escravo, ou a transparência do copo que te põe à frente, é porque não estás com sede.


Bonjour!


Séneca, in 'Cartas a Lucílio'



quarta-feira, 27 de junho de 2012

Don’t leave the room...

It takes a brave person to keep an open mind. Sometimes though, the mind wins over the heart and personalities clash. It then becomes difficult to see the blessing in every encounter; to see the lesson in every handshake. Oh that wretched ego that comes forth camouflaged in creativity, confidence and a willful purpose. Over confident, ambitious and demanding the ego seeks self assertion. With an unyielding and purposeful restlessness, it broods until there is nothing left but a shared delirium, and a bitter distance; because questions were not asked; because expectations fell short of the ideal… Don’t leave the room when the talk gets tough. Even if you don’t contribute to the conversation, it’s always good to listen to the other people’s point of view. The world is made up of different people... and controversial ideas. 


 Bonjour!


terça-feira, 26 de junho de 2012

Verdades Vestidas


Todos têm seus encantos: os santos e os corruptos. 
Não há coisa, na vida, inteiramente má. 
Tu dizes que a verdade produz frutos… 
Já viste as flores que a mentira dá? 

 (...) Nada mais fez que vestir a verdade
Que dentro de ti se achava 
inteiramente nua…

Bonsoir!

Mário Quintana


segunda-feira, 25 de junho de 2012

Trainspotting


Não vemos as coisas como são: vemos as coisas como somos...


Anais Nin


The paradox


Vulnerability: 
is the last thing I want you to see in me and the first thing I look for you in you.


Brene Brown






Para lá de nós mesmos

Não basta a agudeza intelectual para descobrir uma coisa nova. Faz falta entusiasmo, amor prévio por essa coisa. O entendimento é uma lanterna que necessita de ir dirigida por uma mão, e a mão necessita de ir mobilizada por um anseio pré-existente, para este ou outro tipo de possíveis coisas. (...) Por isso todas as ciências começaram por entusiasmos de amadores. A pedanteria contemporânea desprestigiou esta palavra; mas amador é o mais que se pode ser com respeito a alguma coisa, pelo menos é o germe todo. E o mesmo diríamos do dilettante - que significa o amante. O amor busca para que o entendimento encontre. Enquanto o ódio, pelo contrário, coloca o ser odiado sob uma luz negativa e só vemos os seus defeitos.

Bonjour!

Ortega y Gasset

sábado, 23 de junho de 2012

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Dias em versos



“Be daring, be different, be impractical, be anything that will assert integrity of purpose and imaginative vision against the play-it-safers, the creatures of the commonplace, the slaves of the ordinary.”
Cecil Beaton

Bonjour!

quinta-feira, 21 de junho de 2012

O Eu Desmedido


A premeditação indefinida de uma ação ruim, acompanhada por doses de austeridade, a infâmia interior temperada de excelente reputação, enganar continuadamente, não ser jamais quem é, fazer ilusão, é uma fadiga. Compor a candura com todos os elementos negros que trabalham no cérebro, querer devorar os que o veneram, acariciar, reter-se, reprimir-se, estar sempre alerta, espiar constantemente, compor o rosto do crime latente, fazer da disformidade uma beleza, fabricar uma perfeição com a perversidade, fazer cócegas com o punhal, por açúcar no veneno, velar na franqueza do gesto e na música da voz, não ter o próprio olhar, nada mais difícil, nada mais doloroso. Existem horas estranhas em que o hipócrita se estima. Há um eu desmedido no impostor. E o odioso da hipocrisia começa obscuramente no hipócrita. 


Bonjour!

Victor Hugo

terça-feira, 19 de junho de 2012

Genial Souls


Os melhores momentos de uma leitura são quando você se deparar com alguma coisa - um pensamento, um sentimento, uma maneira de olhar as coisas - que você tinha pensado especial e particularmente para você. E agora, aqui está, estabelecido por outra pessoa, uma pessoa que você nunca conheceu, até mesmo alguém que está morto há muito tempo. Como se uma mão tivesse saído e pegado a sua...
 Alan Bennett

 Bonjour!

*The best moments in reading are when you come across something - a thought, a feeling, a way of looking at things - which you had thought special and particular to you. And now, here it is, set down by someone else, a person you have never met, someone even who is long dead. And it is as if a hand has come out, and taken yours.


segunda-feira, 18 de junho de 2012

Truly Unreal


Conditioned to ecstasy, the artist is like a gorgeous unknown bird mired in the ashes of thought. 
If he succeeds in freeing himself, it is to make a sacrificial flight to the sun.


Bonsoir!


Henry Miller, The Time of Assassins 

Cloud of Murmured Prayer

While the red-stained mouths 
of machine guns ring 
Across the infinite expanse of day; 
While red or green, 
before their posturing King, 
The massed battalions break and melt away; 
And while a monstrous frenzy runs a course 
That makes of a thousand men a smoking pile


— Poor fools! — dead, in summer, in the grass, 
On Nature’s breast, who meant these men to smile; 


There is a God, who smiles upon us through 
The gleam of gold, the incense-laden air, 
Who drowses in a cloud of murmured prayer, 
And only wakes when weeping mothers bow 
Themselves in anguish, wrapped in old black shawls— 
And their last small coin into his coffer falls.

Arthur Rimbaud, in 'Evil'


"For a long time I prided myself I would possess 
every possible country." 

Bonjour!


domingo, 17 de junho de 2012

Tempo do vento

Alimenta o fogo atormenta o mar arrepia o corpo joga o ar no ar leva o barco a vela levanta os lençóis entra na janela leva a minha voz nuvens de areia folhas no quintal canto de sereia roupas no varal tudo vem do ven-tudo vem do vento vem tu-do vento vem do vento vem tudo 
tudo bem 
Sacode a cortina alça os urubus sai pela narina canta nos bambus cabelo embaraça bate no portão espalha a fumaça varre a plantação lava o pensamento deixa o som chegar leva esse momento traz outro lugar...


59.000
Obrigada always pelos mergulhos!!!

L'Objet qui parle


“I turned silences and nights into words. What was unutterable, I wrote down. I made the whirling world stand still.”

Arthur Rimbaud

Bonjour!

sábado, 16 de junho de 2012

O Abraço

Pode estar toda a espécie de tempo, o céu pode estar limpo, verão e vozes de crianças, o céu pode segurar nuvens e chumbo, nevoeiro ou madrugada, pode ser de noite, mas, sempre que damos as mãos, transformamo-nos na mesma matéria do mundo. 
(...) Tu estás aí e eu, aqui, também estou aí. Existimos no mesmo sítio sem esforço. Aquilo que somos mistura-se. Os nossos corpos só podem ser vistos pelos nossos olhos. Os outros olham para os nossos corpos com a mesma falta de verdade com que os espelhos nos reflectem. Tu és aquilo que sei sobre a ternura. Tu és tudo aquilo que sei. Mesmo quando não estavas lá, mesmo quando eu não estava lá, aprendíamos o suficiente para o instante em que nos encontrámos. Aquilo que existe dentro de mim e dentro de ti, existe também à nossa volta quando estamos juntos. O meu rosto e o teu rosto, fotografados imperfeitamente, são moldados pelas noites metafóricas e pelas manhãs metafóricas. Talvez outras pessoas chamem entendimento a essa certeza, mas eu e tu não sabemos se existem outras pessoas no mundo. 
(...)Existem guerras dentro do nosso corpo, existem séculos e dinastias, existe toda uma história que pode ser contada sob múltiplas perspectivas, analisada e narrada em volumes de bibliotecas infinitas. Existem expedições arqueológicas dentro do nosso corpo, procuram e encontram restos de civilizações antigas, pirâmides de faraós, cidades inteiras cobertas pela lava de vulcões extintos. Existem aviões que levantam voo e aterram nos aeroportos interiores do nosso corpo, populações que emigram, êxodos de multidões famintas. E existem momentos despercebidos, uma criança que nasce, um velho que morre. Dentro de nós, existe tudo aquilo que existe em simultâneo em todas as partes. (...) Tentar dizer aquilo que foge às palavras e que, no entanto, precisa delas para existir com a forma de palavras. Mas eu questiono, pergunto-me, será que são necessárias as palavras? Eu sei que entendes o que não sei dizer. Repito: eu sei que entendes o que não sei dizer. Essa certeza é feita de vento. Eu e tu somos esse vento. 


Não apenas um pedaço do vento dentro do vento, somos o vento todo.

José Luís Peixoto-in 'Abraço'

Bonjour! 



sexta-feira, 15 de junho de 2012

Baú de Espantos


O que é que esse menino tem? - 
Já suspeitavam desde eu pequenino. 
O que eu tenho? É uma estrela em desatino… 
E nos desentendemos muito bem! 

 Eu temo é uma traição do instinto 
Que me liberte, por acaso, um dia 
Deste velho e encantado 
Labirinto. 

 Mário Quintana


Bonjour!

quinta-feira, 14 de junho de 2012

A gratuidade de sermos


Que havia, pois, mais para a vida, para responder ao seu desafio "de milagre e de vazio", do que vivê-la no imediato, na execução absoluta do seu apelo? Eliminar o desejo dos outros para exaltar o nosso. Queimar no dia-a-dia os restos de ontem. Ser só abertura para amanhã. A vida real não eram as leis dos outros e a sua sanção e o seu teimoso estabelecimento de uma comunidade para o furor de uma plenitude solitária. O absoluto da vida, a resposta fechada para o seu fechado desafio, só podia revelar-se e executar-se na "união total com nós mesmos", com as forças derradeiras que nos trazem de pé e são nós e exigem realizar-se até ao esgotamento. Este "eu" solitário que achamos nos instantes de solidão final, se ninguém o pode conhecer, como pode alguém julgá-lo? E de que serve esse "eu" e a sua descoberta, se o condenamos à prisão? Sabê-lo é afirmá-lo! Reconhecê-lo é dar-lhe razão. Que ignore isso, o que ignora que é. Que o despreze e o amordace o que vive no dia-a-dia animal. Mas quem teve a dádiva da evidência de si, como condenar-se a si ao silêncio prisional? Ninguém pode pagar, nada pode pagar a "gratuitidade" deste milagre de sermos. Que ao menos nós lhe demos, a isso que somos, a oportunidade de o sermos até ao fim. Gritar aos astros até enrouquecermos. Iluminarmos a brasa que vive em nós até nos consumirmos. Respondermos com a absoluta liberdade ao desafio do fantástico que nos habita. 

Vergílio Ferreira, in 'Aparição'


"... eu me sentia perdoado para sempre 
não sei de quê!" 
Mário Quintana





Demasiado Humano



Que poetas deves ler? Simplesmente os poetas de que gostares e eles assim ajudarão a compreender-te, em vez de tu a eles. São os únicos que te convêm, pois cada um só gosta de quem se parece consigo. Já escrevi, e repito: o que chamam de influência poética é apenas confluência.

Mário Quintana



Quando se escreve é não somente para ser compreendido, mas também para não o ser... Um livro não fica diminuído pelo fato de um indivíduo qualquer o achar 'obscuro': esta obscuridade estava, talvez, nas intenções do autor, que não queria ser compreendido por qualquer bicho careta. Qualquer espírito um pouco distinto, qualquer gosto um pouco mais elevado escolhe os seus auditores... ao escolhê-los fecha a porta aos outros. As regras delicadas de um estilo nascem todas daí; são feitas para afastar, para manter a distância, para condenar o "acesso" de uma obra; para impedir alguns de compreender, e para abrir o ouvido aos outros: os tímpanos que nos são parentes...


Nietzsche

Uma vida não basta apenas ser vivida: também precisa ser sonhada.
Bonjour!




quarta-feira, 13 de junho de 2012

Cupid's Chokehold


É sempre igual a luta do que é antigo, do que já existe e procura subsistir, contra o desenvolvimento, a formação e a transformação. Toda a ordem acaba por dar origem à pedanteria e, para nos libertarmos dela, destrói-se a ordem. Depois, demora sempre algum tempo até que se ganhe consciência de que é preciso voltar a estabelecer uma ordem. O clássico face ao romântico, a obrigação corporativa face à liberdade profissional, o latifúndio face à pulverização da propriedade fundiária: o conflito é sempre o mesmo e há-de sempre dar origem a um novo conflito. Deste modo, a maior prova de entendimento, seria regular essa luta de tal maneira que, sem prejuízo de cada uma das partes, conseguisse manter-se equidistante. 
Goethe 

Bonjour!


segunda-feira, 11 de junho de 2012

A embriaguês dilatada


Para que haja arte, para que haja alguma ação e contemplação estéticas, torna-se indispensável uma condição fisiológica prévia: a embriaguez. A embriaguez tem de intensificar primeiro a excitabilidade da máquina inteira: antes disto não acontece arte alguma. Todos os tipos de embriaguez, por muito diferentes que sejam os seus condicionamentos, têm a força de conseguir isto: sobretudo a embriaguez da excitação sexual, que é a forma mais antiga e originária de embriaguez. 
Também a embriaguez que se segue a todos os grandes apetites, a todos os afetos fortes; a embriaguez da festa, da rivalidade, do feito temerário, da vitória, de todo o movimento extremo; a embriaguez da crueldade; a embriaguez da destruição; a embriaguez resultante de certos influxos meteorológicos, por exemplo a embriaguez primaveril; ou a devida ao influxo dos narcóticos; por fim, a embriaguez da vontade, a embriaguez de uma vontade sobrecarregada e dilatada. 
O essencial na embriaguez é o sentimento de plenitude e de intensificação das forças. Deste sentimento fazemos partícipes as coisas, contragemo-las a que participem de nós, violentamo-las, — idealizar é o nome que se dá a esse processo. Libertemo-nos aqui de um preconceito: o idealizar não consiste, como se crê comumente, num subtrair ou diminuir o pequeno, o acessório. Um enorme extrair os 'traços principais' é, isso sim, o decisivo, de tal modo que os outros desapareçam ante eles. 
Bonjour!

Friedrich Nietzsche, in "Crepúsculo dos Ídolos"

domingo, 10 de junho de 2012

The Clothes


Estes meses não vão deixar que falte sol. Junho e julho são uma espécie de irmãos gémeos. As pessoas confundem-nos muitas vezes: disseste junho ou julho? Nesta época, há pessoas que chegam com um mês de antecedência. Chegam a correr, a perguntar se estão atrasados e toda a gente fica a olhar para eles, sem perceber qual é a pressa. Estavam convencidos de que qualquer coisa era em junho mas, afinal, só irá ser em julho. Há pequenas diferenças: o "n" e o "l", um tem trinta dias ou outro tem trinta e um. Há grandes semelhanças: as cores são as mesmas, os dias amanhecem com a mesma promessa.


Tiro a roupa da máquina. Se o mundo tivesse começado neste preciso momento, ninguém seria capaz de imaginar que, há poucos minutos, esta mesma roupa girava com toda a velocidade no interior da máquina. Agora, há apenas a serenidade. Com elegância, a roupa sai da máquina como uma senhora do século XIX que estende a mão para que a auxiliem a descer. Agora, há este tempo.


Caminho para a janela. Esta hora cheira a detergente. É fresco, não pesa, é o perfume certo para acarinhar lembranças de ternura, traz-me imagens da minha infância, eu pequeno, com pernas e braços pequenos, a passar entre roupa acabada de lavar, a minha mãe tão nova. Abro a janela e abro o mundo inteiro diante de mim, este dia em todo o seu tamanho.

(...) Os vizinhos dos andares de baixo também têm roupa a secar. As roupas, minhas e dos vizinhos, aproveitam esta largueza. Recebem sol e absorvem-no. Passam tanto tempo bem-comportadas, a fazer aquilo que se espera delas e, no estendal, têm uma liberdade inesperada. São, por momentos, roupas sem corpo, longe dos armários e das gavetas, longe das dobras e do medo de se enxovalharem. Os lençóis, solenes, são bandeiras destes meses, aceitam a tarefa de reflectir o sol o mais longe que podem.

Em cada janela onde há roupas estendidas, houve alguém que as tirou da máquina e que atravessou este momento. Depois, essa pessoa irá fazer outras coisas, estar noutros lugares, mas não se esquecerá da roupa que deixou a secar. Há sempre alguém a pensar nas roupas estendidas em cada janela, passará mais tarde para ver se já está enxuta.

Sem querer, deixo cair uma meia. Foge-me da ponta dos dedos. Vejo-a cair, bate na roupa estendida dos vizinhos de baixo, mas não para, continua a cair. O seu movimento é irreversível e demora o suficiente para que eu imagine várias coisas: umas boas e outras más. Por fim, chega ao chão. Fica estendida no passeio, imóvel, invertebrada. Olho-a durante um instante triste e, logo a seguir, corro na direcção da porta, carrego no zero do elevador. Nessa urgência, enquanto vou buscá-la, salvá-la, quase acredito que a roupa também tem alma.

Só quando chego ao rés-do-chão reparo que estou nu, de chinelos e sem chave de casa.


[UP Magazine - TAP Portugal] 

 Bonjour!




sábado, 9 de junho de 2012

Hiatus

“I wonder if it’s because I haven’t been able to poke my nose outdoors for so long that I’ve grown so crazy about everything to do with nature? I can perfectly well remember that there was a time when a deep blue sky, the song of the birds, moonlight and flowers could never have kept me spellbound. That’s changed since I’ve been here.


At Whitsun, for instance, when it was warm, I stayed awake on purpose until half past eleven one evening in order to have a good look at the moon for once by myself. Alas, the sacrifice was all in vain, as the moon gave far too much light and I didn’t dare risk opening a window. Another time, some months ago now, I happened to be upstairs one evening when the window was open. I didn’t go downstairs until the window had to be shut. The dark, rainy evening, the gale, the scudding clouds held me entirely in their power; it was the first time in a year and a half that I’d seen the night face to face. 


After that evening my longing to see it again was greater than my fear of burglars, rats, and raids on the house. (...) A lot of people are fond of nature, many sleep outdoors occasionally, and people in prisons and hospitals long for the day when they will be free to enjoy the beauties of nature, but few are so shut away and isolated from that which can be shared alike by rich and poor. 


It’s not imagination on my part when I say that to look up at the sky, the clouds, the moon, and the stars makes me calm and patient. It’s a better medicine than either valerian or bromine; Mother Nature makes me humble and prepared to face every blow courageously.”

Anne Frank, 15 June 1944.




quarta-feira, 6 de junho de 2012

Hey, thanks june!


Não é extraordinário pensar que dos três tempos em que dividimos o tempo - o passado, o presente e o futuro -, o mais difícil, o mais inapreensível, seja o presente?  O presente é tão incompreensível como o ponto, pois, se o imaginarmos em extensão, não existe; temos que imaginar que o presente aparente viria a ser um pouco o passado e um pouco o futuro. Ou seja, sentimos a passagem do tempo. Quando me refiro à passagem do tempo, falo de uma coisa que todos nós sentimos. Se falo do presente, pelo contrário, estarei falando de uma entidade abstracta. O presente não é um dado imediato da consciência.
Sentimo-nos deslizar pelo tempo, isto é, podemos pensar que passamos do futuro para o passado, ou do passado para o futuro, mas não há um momento em que possamos dizer ao tempo: «Detém-te! És tão belo...!», como dizia Goethe. O presente não se detém. Não poderíamos imaginar um presente puro; seria nulo. O presente contém sempre uma partícula de passado e uma partícula de futuro..."

Thanks pelos 58 mil mergulhos
e por deslizarmos juntos no tempo!!!



Jorge Luís Borges, in 'Ensaio: O Tempo'
em "Quero ser velhinha em Budapeste"



Tempo sem fim



Apenas bonjour!



domingo, 3 de junho de 2012

Art by Hoke Outsider









Stop the clocks


As canções e os poemas ignoram tanto acerca do amor. Como se explica, por exemplo, que não falem dos serões a ver televisão no sofá? Não há explicação. O amor também é estar no sofá, tapados pela mesma manta, a ver séries más ou filmes maus. Talvez chova lá fora, talvez faça frio, não importa. O sofá, (assim como o amor) é quentinho... 

Bonjour!

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails