terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Palavras densas


[Bois uivantes -Arte de Fernando Bonafé] 

Vejo presente um tempo passado sob os teus ossos encolhidos. Passado que não passa e não te deixa ir além das coisas tristes. Porque as coisas tristes nos enganam. As coisas tristes nos confundem. As coisas tristes nos anulam e duram quase que infinitamente.
Não sei do que te escondes, quando o dia nasce e és tu quem morre. Morre uma morte de mágoa. Uma morte íntima. Uma morte roída. Não morrem os dias, não morrem as virtudes, não morrem as infâncias. Morre apenas tu. Como um semivivo, como um soterrado, cuja alegria é de uma inocência já morta.
Por instantes, e apenas por instantes, as sobras de tua existência seguem adiante de teu pesado fardo. E quando te livras do medo, quando te esqueces do medo, quando avanças sobre ele, carregas toda a luminosidade do mundo. Dentro e fora!

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