"Não sou um tempo ou uma cidade extinta. Civilizei a língua e foi resposta em cada verso. E à fome, condenaram-me os perversos e alguns dos poderosos. Amei a pátria injustamente cega, como eu, num dos olhos. E não pôde ver-me enquanto vivo. Regressarei a ela com os ossos de meu sonho precavido? E o idioma não passa de um poema salvo da espuma e igual a mim, bebido pelo sol de um país que me desterra. E agora me ergue no Convento dos Jerônimos o túmulo, que não morri. Não morrerei, não quero mais morrer. Nem sou cativo ou mendigo de uma pátria. Mas da língua que me conhece e espera. E a razão que não me dais, eu crio. Jamais pensei ser pai de santos filhos."Carlos Nejar, in "Luíz Vaz de Camões"
sábado, 28 de agosto de 2010
Carlos Nejar
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