segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Um menino-lobo



Acho que isso nunca vai passar.
Não importa quantos dias passem,
quantas risadas sujas
surjam naturalmente
quanta diversão tenha
por algumas horas.

Existe uma dor germinando dentro
uma dor que não se sabe de onde veio.
Muitos falam que é dor de um
momento
mas eu sei que é dor de uma
vida.

É um despertar acordado
como se o ar tomasse outro jeito,
outra cor
outro calor
outro cheiro.

É o levantar do sofá com uma estranha
pressão na barriga ou uma conhecida
pressão na cabeça ou o desconforto
de acordar suado ofegante impulsionando um choro
que nunca é bem-vindo.

É o unhar de dedos cravados
em almofadas retorcidas
ora entre as pernas
ora embaixo da cabeça
ora atiradas ao chão.
Almofadas que enxugam o suor
correndo o pescoço.

Já escrevi que uma dor dividida
é uma dor compreendida
e que a compreensão
é o primeiro passo para a superação.
Nem eu compreendo a minha dor
logo não haverá divisão e
nem haverá compreensão
e nem haverá superação.
Fadado a sobreviver a uma dor
incompreendida.

As pessoas deveriam ser proibidas
de se aproximarem umas das outras.
Evitaria suores marcados em
almofadas retorcidas.

Felipe Voigt!


Escrita forte e uma alma linda.
Faço questão, sim, de estar próxima.
Auuuuuuuuuu - 
perdão Lobinho!


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