quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Silêncio Cortês

"É possível que não se tenha visto, conhecido e dito nada de real e importante? 
É possível que se tenha deixado passar os milénios como uma pausa escolar, durante a qual se come fatias de pão com manteiga e uma maçã?
Sim, é possível.
É possível que, apesar das investigações e dos progressos, apesar da cultura, da religião e da filosofia, se tenha ficado na superfície da vida? 

É possível que até se tenha coberto essa superfície com um pano incrivelmente aborrecido, de tal modo que se assemelhe aos móveis da sala durante as férias de Verão?
Sim, é possível.
É possível que toda a História Universal tenha sido mal-entendida? 

É possível que o passado seja falso, precisamente porque sempre se falou das suas multidões, como se dissertasse sobre uma aglomeração de pessoas, em vez de falar de uma única, em torno da qual elas estavam, porque se tratava de um desconhecido que partiu? 
É possível que todas estas pessoas conheçam em pormenor um passado que nunca houve? 
É possível que todas as realidades nada sejam para elas e que a sua vida decorra, desligada de tudo, como um relógio numa sala vazia? 
Sim, é possível..."

 Rainer Maria Rilke


Bonsoir!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

For you!

[Steve Mcqueen and Nelly Mcqueen]
Se me intimam a dizer: "Porque o amava? - sinto que só o posso exprimir respondendo:
«Porque era ele; porque era eu...»

[Michel de Montaigne]

Bonjour!


terça-feira, 26 de outubro de 2010

If I wrote you a song?


"O meu coração é o livro que te quero ler quando formos velhos... Agora sou uma sombra, sinto-me inquieto como um império. Tu és a mulher que me libertou...Vi-te a olhar para a lua e não hesitaste em amar-me com ela... Vi-te glorificando as anémonas colhidas nas rochas e amaste-me com elas... Recebeste-me na tua intimidade, na areia lisa, entre os seixos e a margem, melhor do que se eu fora um convidado... Desejava-te pela tua beleza, deste-me mais ainda do que aquilo que possuías... e fizeste-me participar do seu perfume e das suas visões, sem me pedires sangue, sobre as mesas de madeira adornadas com comida e velas, e os mil sacramentos que trazias na tua cesta...Agora sou uma sombra, e suspiro pelas fronteiras das minhas deambulações... e avanço com a energia da tua oração, avanço porque estás ajoelhada com um ramalhete de flores numa caverna de ossos dentro da minha cabeça, e avanço para um amor que tu, só tu, sonhaste para mim."

Leonard Cohen, in "Isto é para tí"
Bonjour!

domingo, 24 de outubro de 2010

Quando minhas palavras beijarem seu ouvido...

When my words kiss your ear, 
I'll be right there!

Muda de vida ou muda de poema

"Um poema não é uma coisa que se coloca sobre o teu dia como um condimento sobre o teu almoço. A vida de uma pessoa não tem material semelhante a nada que conheças. Existir é feito de peças impossíveis de copiar. E a poesia não entra na vida de uma pessoa - como o avião no ar ou um acidente de avião na terra dura. Um poema não é manso nem meigo... não é mau nem ilegal. Os homens não se medem pelos poemas que leram."
Gonçalo Tavares- Portugal


Bonjour!

sábado, 23 de outubro de 2010

Não há soluções... há caminhos!

"O talento é mais barato do que o sal de mesa"- Stephen King
O que separa a pessoa com talento da que tem êxito,
é a competência naquilo que faz!


Obs: Competência é o uso de conhecimentos, capacidades e comportamentos que os indivíduos adotam voluntariamente no desempenho de suas atividades e tarefas e perante outros contextos.
Bonjour!

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

"Quinta Absolut Sessions Special" - One year today!

"As coisas, por si sós, não são interessantes, mas tornam-se interessantes 
quando nos interessamos por elas!"
We love music, 
parabéns Dalí's Acústico Bar! \o/

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Portas e danos

"Não só as coisas acontecem com as pessoas, cada um gera também aquilo que acontece consigo. Gera-o, invoca-o, não deixa de escapar àquilo que tem de acontecer. O homem é assim. Fá-lo, mesmo que saiba e sinta logo, desde o primeiro momento, que tudo o que faz é fatal. O homem e o seu destino seguram-se um ao outro, evocam-se e criam-se mutuamente. Não é verdade que o destino entre cego nas nossas vidas. O destino entra pela porta que nós mesmos abrimos, convidando-o a passar."
Sándor Márai, in 'As Velas Ardem Até ao Fim'


A livre harmonia do mundo

Paul Newman
"O homem que não tem vida interior 
é escravo de tudo que o cerca."
Marlon Brando
"O homem está sempre mais descontente com os outros 
quando se acha menos contente consigo próprio."
Henri Frédéric Amiel


Bonjour!

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Oppenheim no meu café

Meret Oppenheim - Object/ 1936
[Museum of Modern Art, NY]

"In the right light,
at the right time,
everything is extraordinary."
[Aaron Rose]


Oppenheim no meu jardim

"The foolish man seeks happiness
in the distance, 
the wise grows it under his feet."
James Oppenheim

O riso

O som que sempre me pareceu ser a música 
mais civilizada do mundo.
Bonjour! :)


"The laughter, 
the sound of which has always seemed to me
to be the most civilized music in the world."
Peter Ustinov
(1921-2004)

Peter Ustinov

"Uma vez que somos destinados a viver nossas vidas na prisão das nossas mentes, é nosso dever mobiliá-las bem."
Peter Ustinov

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Orgulho: o senhor de todas as coisas

[Robert-Doisneau-1940]
Há um encanto e uma vivacidade iniciais no amor que passa insensivelmente, como os frutos; não é culpa de ninguém, é culpa exclusiva do tempo. No início, a figura é agradável, os sentimentos relacionam-se, procuramos a doçura e o prazer, queremos agradar porque nos agradam, e tentamos demonstrar que sabemos atribuir um valor infinito àquilo que amamos; mas, com o passar do tempo, deixamos de sentir o que pensávamos sentir ainda, o fogo desaparece, o prazer da novidade apaga-se, a beleza, que desempenha um papel tão importante no amor, diminui ou deixa de provocar a mesma impressão; a designação de amor permanece, mas já não se trata das mesmas pessoas nem dos mesmos sentimentos; mantêm-se os compromissos por honra, por hábito e por não termos a certeza da nossa própria mudança... 
O orgulho, que é quase sempre senhor dos nossos gostos, e que nunca está saciado, sentir-se-ia infinitamente lisonjeado por um novo prazer; a constância perderia o seu mérito: deixaria de fazer parte de uma ligação tão agradável, os favores atuais teriam o sabor dos primeiros favores e as recordações não fariam a menor diferença; a inconstância seria desconhecida e as pessoas amar-se-iam sempre com o mesmo prazer, porque teriam sempre os mesmos motivos para se amarem. 
As transformações da amizade têm mais ou menos as mesmas causas que as transformações do amor: as suas regras são muito semelhantes. Se um tem mais alegria e prazer, a outra deve ser mais serena e mais severa porque nada perdoa; mas o tempo, que muda o humor e os interesses, destrói-os quase do mesmo modo. Os homens são demasiado fracos e demasiado mutáveis para suportar muito tempo o peso da amizade.
É ainda bem mais possível encontrar um amor verdadeiro do que uma verdadeira amizade. 
[La Rochefoucauld]

Bonsoir!

Perfeição, palavra tola!

"Para mim, a noção de pessoa velha ou nova só se aplica às pessoas vulgares. Todos os seres humanos mais dotados e mais diferenciados são ora velhos ora novos, do mesmo modo que ora são tristes ora alegres. É coisa dos mais velhos lidar mais livre, mais jovialmente, com maior experiência e benevolência com a própria capacidade de amar do que os jovens. A idade não é pior que a juventude, do mesmo modo que Lao-Tsé não é pior que Buda e o azul não é pior que o vermelho. A idade só perde valor quando quer fingir ser juventude."
Hermann Hesse

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Obrigada pelos 23 mil mergulhos \o/

Pólen

O simples não se questiona sobre si mesmo. Ele não se aceita nem se recusa. Não se interroga, não se contempla, não se considera. Não se louva nem se despreza. Ele é o que é, simplesmente, sem desvios, sem afetação,  faz o que faz, como todos nós, mas não vê nisso matéria para discursos, para comentários, nem mesmo para reflexão. Ele é como os passarinhos de nossa floresta, leve e silencioso sempre, mesmo quando canta, mesmo quando pousa. Por isso é a mais leve das virtudes, a mais transparente e a mais rara."
[André Comte-Sponville, in "Pequeno Tratado das Grandes Virtudes"]

Flores do espinheiro

"Você o abraça com o coração firme porque talvez assim ele ainda floresça! 
Mas ele tem olhos de vidro estilhaçado... quando você olha lá dentro, se corta inteiro."
Bonjour! 

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Mais árido que o deserto...

"A dificuldade de estabelecer e firmar relações. Ser sociável exige um esforço enorme — físico. Quem se habituou, já não se cansa. Tudo se passa à superfície do esforço. Ter «personalidade»: não descer um milímetro no trato, mesmo quando, por delicadeza, se finge. Assumirmos a importância de nós, sem o mostrar. Darmo-nos valor,  sem o exibir. Irresistivelmente, agacho-me... E logo: a pata dos outros em cima. Bem feito. Pois se me pus a jeito..."
Vergílio Ferreira

Despe-te dos ruídos...

"Dança, pula, esbofeteia o ar... 
e chega atrasado aos seus próprios gestos."
Fernando Bonassi

Que o dia lhe seja leve...

"Ainda não estamos habituados com o mundo.
Nascer é muito comprido..."
Murilo Mendes


Bonjour amigos!

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Flores no escuro

"Mergulhara no meu primeiro casamento com a idade totalmente inacabada de 25 anos, mais ou menos do mesmo modo que um labrador pula na piscina... tão irresponsável que talvez não devessem me deixar escolher nem a pasta de dentes..."
[Elizabeth Gilbert, in "Comprometida"]


Para adiar o universo inteiro

"Quando a gente só tem dois minutos para dizer adeus a quem mais ama e não sabe quando vai ver de novo, é como se o esforço de dizer e fazer e combinar tudo ao mesmo tempo provocasse um engarrafamento..."
[Elizabeth Gilbert, in "Comprometida"]

Buracos fraternos

"Uma união legal sem amor mais se parece com um prédio em chamas. Um prédio em chamas onde você está algemado a um aquecedor em algum ponto do porão, incapaz de se soltar, enquanto a fumaça sobe em nuvens e as vigas vêm caindo..."
[Elizabeth Gilbert, in "Comprometida"]


 "Quase sempre, divorciar-se é uma ocupação tão alegre e útil quanto quebrar louças muito valiosas!"
Rebecca West
Bonjour!

domingo, 3 de outubro de 2010

Uma espada a lhe espetar as costelas

"Vamos ao campo e não os vemos ao nosso lado, no plantio. Mas ao tempo da colheita lá estão e acabam por nos roubar até o último grão de trigo."
[Eduardo Alves da Costa, in "No caminho com Maiakóvski"]


sábado, 2 de outubro de 2010

Dentro do tempo repetido

Os amantes se amam cruelmente e, com se amarem tanto, não se vêem.
Um se beija no outro, refletido.
Assim a cobra se imprime na lembrança de seu trilho.
E eles quedam mordidos para sempre.

E os olhos não choram. E as mãos tecem apenas o rude trabalho. E o coração  está sêco!

[Fragmentos de Carlos Drummond de Andrade]

A vegetação ajoelha com a chuva

"Meu coração pulsa mais alto por minha consciência dele.
Vivo mais porque vivo maior."
[Fernando Pessoa como Bernardo Soares]

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Cortinas brancas nas vidraças

"Não sabia que, somando as incompreensões, é que se ama verdadeiramente. Porque eu, por só ter tido carinhos, pensei que amar é fácil. É porque eu não quis o amor solene, sem compreender que a solenidade ritualiza a incompreensão e a transforma em oferenda. E é também porque sempre fui de brigar muito, meu modo é brigando. É porque sempre tento chegar pelo meu modo. E eu ainda não sei ceder. É porque no fundo eu quero amar o que eu amaria - e não o que é. É porque ainda não sou eu mesma, e então o castigo é amar um mundo que não é ele. É também porque eu me ofendo à toa. É porque talvez eu precise que me digam com brutalidade, pois sou muito teimosa. É porque sou muito possessiva e então me foi perguntado com alguma ironia, se eu também queria o rato para mim. É porque só poderei ser mãe das coisas quando puder pegar um rato na mão. Sei que nunca poderei pegar num rato sem morrer de minha pior morte. Então, pois, que eu use o 'magnificat' que entoa às cegas sobre o que não se sabe, nem vê. E que eu use o formalismo que me afasta. Porque o formalismo não tem ferido a minha simplicidade, e sim o meu orgulho, pois é pelo orgulho que me sinto tão íntima do mundo, mas este mundo que eu ainda extraí de mim de um grito mudo. Porque o rato existe tanto quanto eu, e talvez nem eu e nem o rato sejamos para ser vistos por nós mesmos, a distância nos iguala."
[Clarice Lispector, in "Felicidade Clandestina"]

"Como posso amar a grandeza do mundo se não posso amar o tamanho de minha natureza?"


O amor atravessado por um dardo

[Jackie and John-John]
"Uso as palavras para entender meus silêncios..."
Manoel de Barros

O tempo gotejando do telhado

[Jackie and Carolinne Kennedy by Mark Shaw]
“É urgente inventar alegrias, multiplicar os beijos, as searas, é urgente descobrir rosas e rios e manhãs claras...”
Eugênio de Andrade

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