quarta-feira, 3 de junho de 2009

Rehab

"A alma só acolhe o que lhe pertence... de certo modo, ela já sabe de antemão tudo aquilo por que vai passar. Os amantes não contam nada de novo uns aos outros, e para eles também não existe reconhecimento. De facto, o amante não reconhece nada no ser que ama a não ser que é transportado por ele, de modo indescritível, para um estado de dinamismo interior. E reconhecer uma pessoa que não ama significa para ele trazer o outro ao amor, como uma parede cega sobre a qual cai a luz do Sol. E reconhecer uma coisa inerte não significa identificar os seus atributos, uns a seguir aos outros, mas sim que um véu cai ou uma fronteira se abre, e nenhum deles pertence ao mundo da percepção. Também o inanimado, desconhecido como é, mas cheio de confiança, entra no espaço fraterno dos amantes. A natureza e o singular espírito dos amantes olham-se nos olhos, e são as duas direcções de um mesmo agir, um rio que corre em dois sentidos, um fogo que arde em dois extremos.E então é impossível reconhecer uma pessoa ou uma coisa sem relação conosco próprios, pois o acto de tomar conhecimento toma das coisas qualquer coisa... mantêm a forma, mas parecem desfazer-se em cinzas por dentro, algo delas se evapora, e o que resta é apenas a sua múmia..."
[Robert Musil, in 'O Homem sem Qualidades'] 
"Cada um de nós deve convencer-se de que temos de ser justos sem buscar recompensa... Mais ainda: cada um de nós deve convencer-se de que, por esta inestimável virtude, devemos estar prontos a arriscar a vida, abstendo-nos o máximo possível de quaisquer considerações de comodidade pessoal. Não há que pensar qual virá a ser o prêmio de um ato justo; o maior prêmio está no fato de ele ser praticado.
Mete também na tua idéia aquilo que há pouco te dizia: não interessa para nada saber quantas pessoas estão a par do teu espírito de justiça. Fazer publicidade de nossa virtude significa que nos preocupamos com a fama, e não com a virtude em si...
Não queres ser justo sem gozares da fama de o ser ? Pois fica sabendo: muitas vezes não poderás ser justo sem que façam mau juízo de ti! Em tal circunstância, se te comportares como sábio, até sentirás prazer em ser mal julgado por uma causa nobre..." 
[Séneca, in 'Cartas a Lucílio'] 
"Não há império que valha que por ele se parta 
uma boneca de criança... 
Não há ideal que mereça o sacrifício 
de um comboio de lata!" 
Bonjour!
"[Fernando Pessoa, in "Livro do Desassossego"]

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