[Imagem by Giacomelli]
"Tudo quanto de desagradável nos sucede na vida - figuras ridículas que fazemos, maus gestos que temos, lapsos em qualquer das virtudes - deve ser considerado como meros "acidentes externos", impotentes para atingir a substância da alma. Tenhamo-los como dores de dentes, ou calos da vida, coisas que nos incomodam mas são externas ainda que nossas...
Quando atingimos esta atitude, que é, em outro modo, a dos místicos, estamos defendidos não só do mundo mas de nós mesmos, pois vencemos o que em nós é externo, é outrem, é o contrário de nós e por isso o nosso inimigo.
Ainda que em torno de nós rua o que fingimos que somos, porque coexistimos, devemos ficar impávidos - não porque sejamos justos, mas porque somos nós, e sermos nós é nada ter que ver com essas coisas externas que ruem, ainda que ruam sobre o que para elas somos..."
[Fernando Pessoa, in 'O Livro do Desassossego']
[Marilyn Monroe]
"Há, é verdade, em torno de mim, uns quatro ou cinco milhões de seres humanos. Mas, que é isso? As pessoas que não nos interessam e que não se interessam por nós, são apenas uma outra forma da paisagem, um mero arvoredo um pouco mais agitado...
São, verdadeiramente como as ondas do mar, que crescem e morrem, sem que se tornem diferenciáveis uma das outras, sem que nenhuma atraia mais particularmente a nossa simpatia enquanto rola, sem que nenhuma, ao desaparecer, nos deixe a mais especial recordação..."
[Eça de Queirós, in 'Correspondência']
"Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais do que outros!"
[George Orwell]
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