[Baltasar Gracián y Morales, in "A Arte da Prudência"]
"Ter o dom da simpatia. É das coisas que mais se invejam. Tem, como tudo, a sua técnica, mas os efeitos são sempre problemáticos. Há o sujeito amável, como o distante, o inteligente como o mediano, o modesto ou o vaidoso, o convincente como o retraído, o irónico ou o sério e assim por diante, com todas as qualidades que se quiserem e o seu contrário.
Num caso e noutro pode-se ser "simpático" ou "antipático", captarmos os favores dos outros ou a sua repulsa. Não é fácil determinar o que realmente decide uma adesão.
E se fosse simplesmente o ter-se "personalidade"? O assumir-se verticalmente aquilo que se é? Isso, ao menos, imporia uma deferência ou "respeito". Lembra-se uma frase de um antigo tragediógrafo latino (Ácio): que nos odeiem desde que nos temam. Não é evidentemente o caso aqui. Mas é qualquer coisa de parecido: que se seja o que se for, desde que se assuma isso em responsabilidade.
O resto são apenas formas de "simpatia", ou seja, do "sentir-se com". E de todas elas, a base delas - ou seja, a admiração.
Porque se não tem simpatia, se não houver seja o que for de admiração: tem-se apenas tolerância ou piedade"!!!
[Vergílio Ferreira, in 'Conta-Corrente 3']
À ta santé!
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