quinta-feira, 26 de março de 2009

Fio das horas

"Talvez a imobilidade das coisas ao nosso redor lhes seja imposta pela nossa certeza de que tais coisas são elas mesmas e não outras, pela imobilidade de nosso pensamento em relação a elas. E tudo girava ao meu redor... as coisas, os países, os anos... então, me chegava um socorro vindo do alto para me livrar do nada de onde não poderia sair sózinho, e num segundo, eu passava por séculos de civilização que recompunham, aos poucos, os traços originais do meu próprio eu. E quando eu despertasse no meio da noite, como se ignorasse onde me encontrava, nem mesmo saberia, num primeiro instante, quem era. Às vezes, uma mulher nascia durante os meus sonhos, pois um homem que dorme sustenta em círculo, ao seu redor, o fio das horas, dos anos, dos mundos..." [Marcel Proust, in "No caminho de Swann"] Enquanto eu escrevo palavras que nunca serão cantadas, espero pela dor passar... E o vento soa como se o mundo suspirasse, onde a Lua é apenas uma unha torta, enquanto a TV murmura ao lado da parede... Bonjour!

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