sábado, 28 de março de 2009

Boulevard 2

"Os dias nascem durante todo o mês... por quase 30 vezes! E quando acordávamos de nosso sono fechado, sabíamos que o dia existia depois da penumbra, e que os relógios, alheios ao mundo, continuavam a nos dar as horas, e as alegrias, mesmo sendo sempre noite. A luz da eletricidade não tem forças suficientes para iluminar o nosso imenso "mês das noites". 
Escrevemos pouco. Pensamos muito. Lemos, falamos, amamos e nos tornamos muito. Por muito longe que estivéssemos, sempre fomos próximos daquela escuridão sem distância. A distância é o silêncio sublime de nossos medos. É querer fugir para onde tudo não exista.  É ver o silêncio das nossas vozes a assustar-nos. É o silêncio a ver a casa na colina a existir mais do que todas as pessoas vivas. É ver a casa que guarda no seu peso austero, todo o tempo dos mortos e das gerações. É ver a casa existir mais do que as porcelanas a estalarem nas prateleiras. É ver os tapetes e os objetos partirem-se lentamente... 
E o mundo ficou tão longe de toda essa beleza triste... 
Nos quadrados de vidro das tuas janelas, onde havia o desenho baço das montanhas, a neblina encobria todos os corpos gigantes. Sentados à mesa, no silêncio cúmplice de nossa tranquilidade, serví-me de ti e da vida, cercada de lombo e arroz!" Saudades!

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