"Alguns sábios afirmaram que a ira é uma loucura breve; por não se controlar a si mesma, perde a compostura, esquece as suas obrigações, persegue os seus intentos de forma obstinada e ansiosa, recusa os conselhos da razão, inquieta-se por causas vãs, incapaz de discernir o que é justo e verdadeiro, semelhante às ruínas que se abatem sobre quem as derruba.
Mas, para que percebas que estão loucos aqueles que estão possuídos pela ira, observa o seu aspecto; na verdade, são claros indícios de loucura a expressão ardente e ameaçadora, a fronte sombria, o semblante feroz, o passo apressado, as mãos trementes, a mudança de cor, a respiração forte e acelerada, indícios que estão também presentes nos homens irados: os olhos incendiam-se e fulminam, a cara cobre-se totalmente de um rubor, por causa do sangue que a ela aflui do coração, os lábios tremem, os dentes comprimem-se, os cabelos arrepiam-se e eriçam-se, a respiração é ofegante e ruidosa, as articulações retorcem-se e estalam, entre suspiros e gemidos, irrompem frases praticamente incompreensíveis, as mãos entrechocam-se constantemente, os pés batem no chão e todo o corpo se agita ameaçador, a face fica inchada e deformada, horrenda e assutadora.
Ficas sem saber se o que há de pior neste vício é ser detestável ou ser tão disforme. Os outros vícios podem, pelo menos, esconder-se e desenvolver-se em segredo: a ira revela-se e sobe "à face", e quanto mais intensa mais manifesta se torna.
Não vês como todos os animais, quando se preparam para atacar, denotam alguns sinais, à medida que abandonam a sua mansidão habitual e começam a manifestar a sua ferocidade?
Os javalis espumam pela boca e esfregam as suas presas para as aguçar; os touros dão golpes no ar com os seus cornos e espalham areia batendo com as patas; os leões rugem; as serpentes incham o seu pescoço; o aspecto dos cães enraivecidos é sinistro: não há nenhum animal tão horrendo ou tão perigoso por natureza, que nele não surjam, quando a ira o invade, sinais próprios da ferocidade.
Não ignoro que as outras afecções, que se podem ocultar, como o desejo, o medo, a audácia, podem também dar alguns sinais e ser pressentidas; de facto, qualquer perturbação mais intensa modifica algo na nossa expressão. Então, qual é a diferença?É que as outras afecções são perceptíveis... a ira é evidente!"
[Séneca, in 'Da Ira'/ A breve loucura]
"O melhor remédio para a ira é fazer uma pausa. Não para perdoares, mas para refletires: os primeiros impulsos da ira são os mais graves; ela desaparece se tiver que esperar. Não tentes afastá-la por inteiro: conseguirás vencê-la por completo se a arrancares "por partes".
Entre os atos que nos ofendem, uns são-nos narrados, outros são vistos ou ouvidos por nós mesmos. Não devemos acreditar prontamente naqueles que nos são narrados: muitos homens mentem para enganar... outros tantos mentem porque foram enganados... outros ganham "favores" com incriminações e inventam uma ofensa para se mostrarem "indignados"... outro é um homem "maldoso" e quer destruir amizades sólidas... outro não merece confiança e gosta de "observar ao longe" e em segurança, as desavenças que ele mesmo cria.
Quando tens que emitir um juízo sobre um qualquer assunto, não poderás admitir os fatos sem que deles haja uma testemunha, e a testemunha não tem validade se não houver um juramento; darás a palavra às duas partes, farás um intervalo, não as ouvirás uma vez apenas (a verdade manifesta-se àquele que mais vezes a toma em mãos).
E condenas prontamente um irmão, um amigo? Ficas irado antes de o ouvir, antes de interrogares, antes de permitires-lhe conhecer o acusador ou o crime? De facto, terás ouvido as duas partes?
Aquele que fez a denúncia certamente calar-se-á, se tiver que apresentar provas: "Não é necessário expores-me", dirá logo. Ao mesmo tempo, ele instiga e furta-se à confrontação e ao debate. Não querer falar senão em "segredo" é quase o mesmo que nada dizer... é instigar! E o que poderá ser mais perverso do que confiar numa denúncia feita em segredo e irar-se publicamente?"[Séneca, in 'Da Ira Induzida' /A breve loucura]
Pobres bárbaros, adoram expor-se às espadas, lançar seus corpos sobre as lanças e morrer dos seus próprios ferimentos... Bonjour!
2 comentários:
Quand il me prend dans ses bras
Il me parle tout bas,
Je vois la vie en rose.
Il me dit des mots d'amour,
Des mots de tous les jours,
Et ça m'fait quelque chose.
Il est entré dans mon coeur
Une part de bonheur
Dont je connais la cause.
C'est lui pour moi,
Moi pour lui dans la vie,
Il me l'a dit, l'a juré
Pour la vie.
Et dès que je l'apercois
Alors je sens en moi
Mon coeur qui bat
Sem argumentos só feelings ;)
Yep!
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